Apesar da recente explosão de interesse nos famosos NFTs, a história desses ativos digitais descentralizados começou há mais de 10 anos. Surgindo como uma forma de integrar bens físicos e digitais à registros na blockchain, os tokens não-fungíveis vem gerando ondas de inovação por onde passam.
Vamos conhecer um pouco mais sobre a trajetória dos NFTs que levou à revolução que vivemos hoje em dia:
2012 – 2014 – 2015 – 2017 – 2021 – 2022 – O futuro
2012 – Ativos registrados usando Bitcoin
A ideia de se registrar ativos usando tecnologia blockchain surgiu dentro do ecossistema Bitcoin com as chamadas Colored Coins, Bitcoins metaforicamente ”coloridas”.
Proposto por Meni Rosenfeld em um artigo publicado em Dezembro de 2012, as Colored Coins poderiam ter seu valor atrelado a ativos como ações, fianças, propriedades e outros. Esses tokens seriam Bitcoins emitidas com marcações específicas que serviriam como uma forma de tornar este ativo fungível em um ativo não-fungível. Ou seja, uma Bitcoin colorida não poderia ser trocada por uma Bitcoin normal através de uma série de soluções de protocolo.
No ano seguinte, esse artigo foi atualizado e republicado como whitepaper, tendo entre seus autores ninguém menos que Vitalik Buterin, que mais tarde viria a criar a rede Ethereum.
2014 – É cunhada a primeira criptoarte
Vendo o crescimento da cultura do “repost”, principalmente em sites como Tumblr, e a consequente dissolução da proveniência, atribuição e compensação de trabalhos artísticos na internet, o artista Kevin McCoy e o executivo de tecnologia Anil Dash se uniram para buscar uma forma de certificar a propriedade de obras digitais por meio de blockchain.
Em Maio de 2014, durante o evento Seven Seven, uma espécie de hackathon voltada para arte e tecnologia, a dupla cunhou a obra “Quantum” usando a blockchain Namecoin, a primeira instância onde uma obra de arte foi certificada usando a tecnologia.
Derivada do Bitcoin e apoiado pelo próprio Satoshi Nakamoto, Namecoin havia sido criada como uma forma de acrescentar utilidade à tecnologia, possibilitando o registro de domínios DNS com o objetivo de tornar a web mais descentralizada e resistente à censura.
2014 – O primeiro marketplace é criado
Apesar de funcionar de forma um tanto diferente dos marketplaces que conhecemos hoje em dia, Counterparty foi o primeiro protocolo de criação e transação de ativos não-fungíveis a alcançar um certo nível de sucesso.
Construído dentro do ecossistema Bitcoin, Counterparty permitia a criação de tokens, muitas vezes associados a artes e memes, em blocos de Bitcoin. Porém, por disputar espaço com a validação de transações financeiras, a prioridade da rede, muitos usuários o consideraram uma inconveniência.
2015 – Vídeo-game e cripto se encontram
Através de Counterparty, Spells of Genesis foi pioneiro em emitir colecionáveis de video-game com certificação em blockchain.
O jogo funciona de forma similar a um jogo de cartas colecionáveis, como Magic: The Gathering, e permite que usuários negociem suas cartas, podendo ser considerado o primeiro jogo play-to-earn a ser criado.
2015 – Ativos não-fungíveis chegam à rede Ethereum
Em 2014 Vitalik Buterin publicou um whitepaper onde delimitou seus planos para a criação rede Ethereum, uma blockchain com novas camadas de utilidade através da aplicação de contratos inteligentes.
A rede foi lançada em 2015 e aqui chegamos no que hoje conhecemos como NFTs, os tokens não-fungíveis.
Neste mesmo ano é lançada a coleção Terra Nullius, onde usuários poderiam “reivindicar” pedaços da blockchain através de um contrato inteligente e adicionar uma mensagem pessoal ao token, imortalizando-a na rede.
Na época foram cunhados 22 NFTs, mas em Setembro de 2021, após um post por Adam McBride, mais pessoas tomaram conhecimento da possibilidade de cunhar suas mensagens, chegando ao limite máximo de 4000 unidades definido pelo contrato.
2017 – Nascem os CryptoPunks
Entre 2015 e 2017, novas coleções continuaram a surgir na rede Ethereum, mas uma delas se tornaria icônica: os CryptoPunks, 10.000 avatares 8-bit criados de forma generativa.
Criada pelos desenvolvedores John Watkinson e Matt Hall, os CryptoPunks foram inicialmente lançados de forma gratuita em 9 de Junho de 2017, mas devido a um grave erro de código foram relançados dias depois em 23 de Junho. A coleção faz uso do padrão de contrato ERC-20, atualmente reservado para tokens fungíveis, e serviu como exemplo para a criação do padrão ERC-721, que hoje é amplamente usado para tokens não-fungíveis.
Aqueles que aproveitaram a oportunidade de cunhar um Punk em 2017, pagando apenas as taxas da rede, podem hoje ser milionários. O CryptoPunk mais barato no mercado secundário está na faixa dos 48 ETH, cerca de $ 87 mil dólares atualmente, e o mais caro já vendido foi arrematado por mais de $ 24 milhões de dólares em Fevereiro de 2022.
2017 – Cryptokitties se tornam virais
O encontro entre jogos e blockchain não parou em 2015.
Desde a criação de Spells of Genesis, outros projetos envolvendo a tokenização de itens de jogos foram criados, culminando em CryptoKitties.
Similar a combinação de Tamagotchi e um jogo de cartas, a coleção consiste em gatos desenhados em estilo cartoon que podem ser adotados, criados e trocados usando cripto wallets. O sucesso de CryptoKitties foi tão grande que chegou a congestionar a rede Ethereum quando se tornou viral, chegando a valer mais de $ 100.000 dólares na época, dependendo de sua raridade.
2017 – Desbravando novos mares com OpenSea
Lançado em 20 de Dezembro de 2017, o OpenSea veio para revolucionar a forma com que interagimos com ativos digitais.
Inspirados pelo sucesso de CryptoKitties, os criadores Alex Atallah e Devin Finzer viram o enorme potencial de criar uma solução para a compra e venda de NFTs, aproveitando o recém lançado padrão de contrato ERC-721 para tokens não-fungíveis.
Entre a febre de CryptoKitties e os eventos que levariam o NFT ao patamar que se encontram hoje, o OpenSea teve alguns anos de pouco movimento para aperfeiçoarem seus protocolos, garantindo uma enorme vantagem sobre outros marketplaces que viriam a ser criados após a explosão de popularidade dos ativos digitais.
2021 – Beeple quebra recordes com a venda de Everydays
O divisor de águas que fixou os NFTs de forma permanente na consciência coletiva foi a venda da obra Everydays – The First 5000 Days, criada pelo artista 3D Beeple.
Composta por um mosaico de 5000 obras individuais feitas como um exercício entre 1º de Maio de 2007 e 7 de Janeiro de 2021, a obra foi vendida pela tradicional casa de leilões Christie’s e arrematada por $ 69.3 milhões de dólares em 11 de Março de 2021.
A venda, e o enorme valor associado a ela, circulou a mídia por todo globo, levando a sigla “NFT” a ser considerada a palavra do ano pelo dicionário Collins.
2021 – O ano dos NFTs
O que 2017 foi para o mercado cripto, 2021 foi para os NFTs.
A explosão em número de adeptos, sejam eles artistas, colecionadores ou investidores, atingiu altos patamares, fazendo com que o número de coleções ativas no OpenSea passasse de 193 em Março para mais de 2.300 no final de Outubro deste ano, de acordo com relatório feita pela empresa ChainAnalysis.
O equivalente a mais de $26.9 bilhões de dólares em criptomoedas foram associados a transações de NFTs entre Janeiro e Outubro de 2021, levando alguns a nomear esta época de a “era cambriana dos NFTs”.
Não demorou muito para que os tokens não-fungíveis tomassem conta do globo. Dado as oportunidades proporcionadas pela descentralização da tecnologia, empresas e investidores de todo mundo hoje têm a possibilidade de entrar neste mercado.
2022 – Primeiro NFT em acervo público no Brasil
A Tropix vem trabalhando com artistas e galerias aclamados pela crítica desde sua concepção em Maio de 2021, com o objetivo de potencializar as relações entre artistas e colecionadores.
Entre eles está a galeria Leme e o artista Gustavo von Ha, que traz em sua pesquisa questionamentos sobre o intenso consumo imagético gerado pelas redes sociais.
Uma dessas obras é Von Britney, que foi doada pela Tropix para o museu MAC-USP, tornando-a a primeira incorporação NFT a um acervo de instituição pública no Brasil.

O futuro
O que nos aguarda no futuro é uma surpresa, mas até o momento NFTs tem se mostrado cruciais para uma revolução na forma com que lidamos com arte, propriedade, proveniência e descentralização.
Nos basta aguardar e continuar a potencializar esta inovação que poderá mudar o mundo.
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