Como característica central, o que permeia o conjunto de trabalhos convocado para esta sessão de lançamentos é o sentido de atravessamentos paralelos de pesquisas, estéticas e experiências artísticas. O que sentimos quando vemos sem pensar tantas imagens juntas ao mesmo tempo? Esta é a indagação crucial apresentada com a exibição “múltiplas realidades >>> simultaneidades e convergências” pela tropix.io no mês de maio de 2022.
O que conduz a seleção de obras aqui reunida é um fio de inquietação, que nos sujeita a atenção e curiosidade diante de uma forte diversidade de proposições no campo da cultura visual digital. A sensação de estarmos vivenciando inúmeras situações em um único instante real/online nos torna propensos a uma vigilância non-stop de nós mesmes.
Curadoria Tropix
Descubra mais sobre os artistas e as obras que compõem múltiplas realidades >>> simultaneidades e convergências, disponível em tropix.io entre 9 de Maio e 5 de Junho:
Adriano Franchini
Abordando temas que cercam a ideia de “Origem”, a produção de Adriano Franchini se encontra na intersecção entre filosofia, física teórica e suas próprias memórias pessoais. Através do desenho em seu campo expandido, tanto em meio tradicional quanto digital, o artista volta seu olhar para a análise de sistemas complexos, vivos e matemáticos, cuja lógica de crescimento é descentralizada, assim fungos e arquiteturas computacionais peer-to-peer.
Trazendo características visuais típicas de técnicas de microscopia, a série “Léxico” é composta por quatorze renderizações 3D onde o artista as trata como um caderno de anotações, em que são registrados os interesses formais, composicionais e conceituais em forma de esculturas virtuais. Cada obra leva em seu título a data em que foram geradas, tal qual um diário.

04.02, 2022. Adriano Franchini.
Cristina Suzuki
Artista visual formada pela Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, Cristina Suzuki utiliza de linguagens como gravura, fotografia, objetos, instalações, desenhos digitais e vídeos para trazer à tona questionamentos sobre padrões de diferentes naturezas e possibilidades de reprodutibilidade do trabalho de arte.
A obra “Ctrl C Ctrl V” parte de sua pesquisa sobre produção de padrões e reprodutibilidade, a artista faz uma gravação de tela onde continuamente cria novas reproduções da imagem de fundo de seu desktop, que consiste em um frame do vídeo da série “Repartição”, cujo título é “72 cópia”. Usando comandos de print da tela, novas imagens são automaticamente criadas e organizadas até preencher todo o espaço da área de trabalho.
Ctrl C Ctrl V, 2021. Cristina Suzuki.
Rommulo Vieira Conceição
Rommulo Vieira Conceição, artista visual multidisciplinar, explora em suas obras as sutilezas de percepção do espaço na contemporaneidade e as relações do homem contemporâneo no mundo atual através de instalações, objetos, escultura, desenho e fotografia. Remetendo à percepção do humano contemporâneo sobre o espaço físico que ele ocupa, o artista reflete sobre a utilização do espaço físico e como isso caracteriza o comportamento social e demonstra características da identidade no espaço/tempo da sua existência.
Composto por diversas fotografias realizadas enquanto caminha por locais que nunca esteve antes, “O espaço se torna lugar na medida em que eu me familiarizo com ele” consiste da experimentação de se familiarizar com os espaços em que o artista se encontra através da exploração dos elementos que o compõem.
O espaço se torna lugar na medida em que eu me familiarizo com ele, 2015 – 2019. Rommulo Vieira Conceição.
Luiz Bueno, Gal Oppido e Darllan Donadio
Com formação como arquiteto e urbanista, Luiz Bueno é um artista multidisciplinar tendo na música instrumental sua veia principal. Autodidata e aberto a novas experiências artísticas, Luiz Bueno produziu e lançou em CDs e plataformas digitais mais de 80 músicas.
Gal Oppido inicia suas atividade com desenho na adolescência e forma-se pela Universidade de São Paulo em Arquitetura e Urbanismo enquanto ministra cursos de design gráfico no IADÊ (Instituto de Artes e Decoração), desenvolve desenhos sobre gestual dos lutadores de Sumô e pesquisa o design de embalagens tradicionais japonesas.
Darllan Donadio atua no mercado audiovisual há mais de 20 anos como artista de efeitos especiais e modelagem 3D, estando a frente da produção de artes gráficas para os telejornais e programas de entretenimento além de colaborar com a criação da identidade visual e das vinhetas de abertura de atrações como Bem Estar (2011) e Profissão Repórter (2015).
Em uma colaboração entre os artistas multidisciplinares Luiz Bueno, Gal Oppido e Darllan Donadio, a série “Acasalar” surge do encontro entre os desenhos de Gal Oppido, onde o olhar incide no erotismo oriental, com imagens em vídeo de Darllan Donádio e musicados por Luiz Bueno, usando instrumentos orientais como sitar e dilruba.
Acasalar n1, 2021. Luiz Bueno, Gal Oppido e Darllan Donadio.
Rejane Cantoni
Rejane Cantoni trabalha com instalações interativas, site-specific, em grande escala, onde deixa evidente seu interesse pela inovação e sua pesquisa sobre a interação entre homem e tecnologia. Artista e pesquisadora, Cantoni cria obras onde o espectador é também um agente ativo.
A série “FLORAS_Garden” faz referência ao trabalho de pintores impressionistas, associando pintura à arte generativa, enquanto questiona os esforços desse movimento em pintar como o ser humano percebe a natureza. Nela, a artista convida os observadores a experimentar e refletir sobre criptoarte, tecnologia blockchain, natureza e a percepção humana, ao mesmo tempo em que remete às atuais mutações na natureza, na cultura e na economia.
93_FLORAS_Garden#12, 2022. Rejane Cantoni.
Santo
Artista autodidata, a produção de Santo se dá pela livre expressão e experimentação de diversas técnicas e materiais, se caracterizando pelas combinações improváveis de cores e de uma força que quebra barreiras, não se prendendo a métodos, formas e sistemas.
O artista compartilha sua inspiração para “A Senhoura”, presente entre as obras que participam desta curadoria, comenta que ao fechar os olhos “ela surgiu, sabida, uma bela e madura energia. Ela dançava a valsa do vento, em tempo. Que dissolvia na presença da doce e bela sabedoria.”
A Senhoura, 2020. Santo.
Thiago Barbalho
Thiago Barbalho começa sua carreira como escritor, tendo se formado em filosofia e direito, mas após viver o que descreve como “uma crise em relação aos limites da linguagem escrita” passa a usar da linguagem pictórica para se expressar.
Em “Desanimado I”, o artista cria uma animação em gif a partir de desenhos onde usa lápis de cor, caneta esferográfica e marcadores permanentes em papel. O resultado dessa experimentação é o que surge no desenvolvimento da técnica que o artista chama de “escrita explodida”.
Desanimado I, 2022. Thiago Barbalho.