Os NFTs tem se mostrado revolucionários para a arte digital. Nunca antes artistas e colecionadores puderam ter tanto controle sobre a atribuição e rastreabilidade de suas obras digitais.
Mas a inovação potencializada pela certificação através de tokens não-fungíveis não para por aí.
Qualquer tipo de ativo pode ser registrado na blockchain, seja ele virtual ou físico. Isso significa que uma pintura em tela ou uma escultura em pedra podem ser certificadas da mesma forma que um vídeo, uma fotografia ou uma renderização 3D.
Isso gera novas oportunidades não apenas para artistas contemporâneos, mas também para museus e galerias que lidam com obras de grandes mestres do passado.
Recentemente, diversas instituições têm experimentado o que a tecnologia tem a oferecer, seja como uma forma de tornar a arte mais acessível ou como uma solução para tornar suas fontes de investimento mais diversas.
Conheça 5 iniciativas que estão trazendo grandes mestres das artes visuais para a blockchain:
A primeira onda de NFTs do Museu Britânico
O Museu Britânico deu seu primeiro passo no mundo da criptoarte com a exibição “Hokusai: The Great Picture of Everything”, que esteve aberta ao público entre Setembro de 2021 e Janeiro de 2022.
Em uma parceria com a startup francesa LaCollection, o museu digitalizou cerca de 200 obras de Katsushika Hokusai, gravurista japonês do período Edo, incluindo desenhos recém-re-descobertos que foram a principal atração da exposição.
As digitalizações certificadas foram divididas em quatro categorias: único, com apenas uma cópia; ultra-raro, com duas cópias; limitado, com mil cópias; e comum com dez mil cópias. Entre as obras ultra-raras, os colecionadores tiveram a chance de dar seus lances no NFT da famosa “Sob a Onda de Kanagawa”, mais conhecida como “A Grande Onda”.
Uma expansão mais resistente que qualquer restrição
Considerado o maior museu em área expositiva, a equipe do museu Hermitage tem planos igualmente grandiosos com relação à sua entrada neste novo mercado.
Apesar das restrições russas com relação à criptoativos, o Museu Hermitage, localizado no Palácio de Inverno dos tsars em São Petersburgo, encontrou uma forma de conciliar a estrita legislação do país com seus planos de expansão digital.
Em Agosto de 2021, foi lançada uma coleção em parceria com a Binance contando com a digitalização de obras como “Madona Litta” de Leonardo da Vinci, “Judith” de Giorgione, “Arbusto Lilás” de Vincent van Gogh, “Composição VI” de Wassily Kandinsky e “Canto do Jardim de Montgeron” de Claude Monet.
Para que as obras pudessem ser leiloadas sob as regulamentações russas, cada token foi assinado pelo diretor geral do museu, Mikhail Piotrovsky, além de marcadas com a data de cunhagem na blockchain. No total, essa iniciativa arrecadou cerca de $450.000 dólares em prol do museu.
Poucos meses depois, em Novembro de 2021, foi lançada a exposição virtual “The Ethereal Aether”, onde 38 novos NFTs foram exibidos em uma reconstrução digital do museu. Esta iniciativa, que esteve disponível ao público por cerca de um mês, permitiu que usuários interagissem com as obras, algo que não seria possível em uma visita presencial.
Os próximos planos incluem a criação de uma versão virtual completa do museu, chamada de “Celestial Hermitage”, possibilitando que ainda mais pessoas possam visitar esta instituição que abriga tantas obras primas.
NFTs para conservação de obras dos grandes mestres Italianos
A galeria Unit London em parceria com quatro tradicionais instituições italianas realiza a exposição “Eternalising Art History: from Da Vinci to Modigliani“, apresentando obras digitalizadas em reproduções de suas molduras originais em tamanho real.
Contando com obras de grandes mestres da arte como Leonardo Da Vinci, Caravaggio e Modigliani, os NFTs foram vendidos acompanhados das telas e molduras além, é claro, da certificação de cada instituição responsável. Os lucros arrecadados foram destinados à conservação das obras que são de grande valor histórico.
Aquarelas raras de William Turner
Após o sucesso do lançamento das obras digitalizadas de Katsushika Hokusai, o Museu Britânico retorna aos NFTs em parceria com LaCollection para trazer raras aquarelas de William Turner para a blockchain.
As obras selecionadas fazem parte da coleção deixada ao museu por Robert Wylie Lloyd, presidente da casa de leilões Christie’s falecido em 1958, sob a condição de serem exibidas somente por duas semanas no mês de Fevereiro, ou sob pedido extraordinário, e jamais emprestadas.
Vinte obras desta coleção foram digitalizadas e certificadas em três categorias: ultra-raras, com apenas duas edições; super-raras, com dez edições; e edição aberta, que poderiam ser cunhadas livremente num período de 48h.
Apesar do diferencial de obras em edição aberta, o controle do número de cópias certificadas foi garantido ao permitir que apenas compradores do primeiro lançamento NFT do museu, com obras de Hokusai, pudessem participar da compra.
Ações sociais potencializadas por NFTs
A galeria Whitworth, localizada em Manchester, vê na nova tecnologia uma oportunidade de devolver à comunidade, usando a venda de NFTs para investir em projetos sociais.
Buscando formas de “redistribuir as riquezas de sua coleção da forma mais democrática possível”, como dito pelo diretor da instituição, The Whitworth embarca nesta revolução com a cunhagem da obra “O Ancião dos Dias” de William Blake, gravura impressa originalmente em 1794 como frontispício do livro “Europa, uma Profecia” publicado pelo artista.
Porém, o NFT em questão não é apenas uma digitalização da obra. O token consiste em uma reprodução espectrográfica desenvolvida por pesquisadores na universidade de Manchester, transformando o visual icônico da obra em algo completamente novo.
Além da inovação na forma com que a obra foi capturada, os 50 NFTs vendidos serão rastreados pela galeria por dois anos, culminando numa exposição em 2023 sobre a nova economia da arte.